Aline Silva representa a luta olímpica do Brasil e a luta da mulher no mundo
Por: Arlete Vasconcelos, Núcleo de Comunicação
08/03/201909:33- atualizado às 15:31 em 20/03/2019
Nenhum outro brasileiro, na história da luta olímpica no País, conquistou títulos mundiais como a Aline Silva. Em 2009, o SESI-SP decidiu, em uma atitude pioneira, investir em modalidades pouco conhecidas, como a Luta Olímpica e, desde então, há 10 anos, a atleta teve toda estrutura para se tornar campeã e referência, exatamente no momento de recuperar seu sonho olímpico.
A história de Aline Silva tem origem em um bairro humilde de Cubatão - SP. Aos 11 anos, ela teve a oportunidade de trocar as ruas pelo esporte e começou pelo judô. “Tudo que vivi, dos altos e baixos, me prepararam para o que sou hoje”. Com falta de incentivo, locais adequados para o treino, estava quase desistindo, quando finalmente pôde se dedicar ao esporte, como atleta do SESI-SP.
Treinando rumo à Toquio 2020, hoje, com 32 anos, é a única medalhista em mundiais no Brasil de luta olímpica (wresling). A paulista alcançou o maior resultado, em 2014, ao ficar em segundo lugar no Mundial do Uzbequistão. Entre as conquistas, incluindo duas medalhas pan-americanas, em 2016, esteve entre as atletas das Olimpíadas, no Rio de Janeiro.
Em 2001, quando ninguém conhecia a luta olímpica no Brasil, ela explicava que era um judô sem quimono. “Sempre me falaram que era muito difícil ganhar de gringo, porque lá fora eles já praticam há muito tempo”. Ela conseguiu provar o contrário.
Chegar onde Aline está agora, nesse esporte milenar, que não foi feito para mulheres, é uma grande conquista. “O lugar da mulher é onde ela quiser! ”, reforça a atleta. A luta da Aline é por uma sociedade mais justa, de oportunidades iguais para homens e mulheres.
Reconhecida por sua luta também por igualdade de gênero, em 2017, participou, por dois meses, de um intercâmbio com mulheres do mundo todo, o Global Sports Mentoring Program - programa norte-americano que tratou do empoderamento feminino por meio do esporte. Como resultado, as mulheres levariam para seus países planos de ações para empoderar outras mulheres. Foi assim que Aline deu início ao seu projeto “Mempodera”.
Neste mês de março, o projeto completa um ano. São cerca de 60 meninas inscritas, de 6 a 15 anos, em Cubatão. São oferecidas aulas de luta olímpica e inglês. O foco não é competitivo, mas as alunas que estão participando voluntariamente de disputas já somaram 37 medalhas.
A Aline também é embaixadora no Brasil do Wrestling Like a Girl, projeto que oferece treinamentos exclusivos para meninas (crianças e adolescentes) em vários países.
Em 2018, foi reconhecida como “Mulher do Ano”, pelo prêmio United World Wrestling Women and Sport Award, pela United World Wrestling (Federação Internacional de Wrestling), entidade máxima da categoria no mundo.
O esporte é ferramenta para a transformação de vidas e Aline Silva defende que as mulheres precisam de ambiente seguros, no sentido de se sentirem à vontade em suas práticas.
“São grandes as barreiras das mulheres no dia a dia. Mas é preciso conhecer e identificar os problemas para poder lutar contra”.