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Ex-aluna do Sesi-SP é finalista em Nobel da Educação ao ensinar robótica em escolas públicas

Bianca Gajardoni Bearare aprendeu robótica quando estudou no Sesi de Birigui, e hoje é top 50 do Global Student Prize com projeto em que compartilha seus conhecimentos na área

 Por: com informações de Marcella Trindade, da Agência de Notícias da Indústria
24/08/202312:02- atualizado às 11:25 em 11/09/2023

Um dos 50 nomes do Global Student Prize, considerado o Prêmio Nobel dos estudantes, é o de Bianca Gajardoni Bearare, 18 anos. A jovem de Birigui, São Paulo, é ex-competidora da robótica, dá aulas de inglês para crianças e tem uma ONG educacional que atua diretamente com 7 mil alunos. 

O projeto Tocando em Frente nasceu quando Bianca tinha apenas 16 anos. O sonho de educadora, inspirada na ativista Malala, hoje é realidade graças a uma rede de mais de 90 colaboradores espalhados por diferentes regiões do país.

 


Um dos 50 nomes do Global Student Prize, considerado o Prêmio Nobel dos estudantes,
é o de Bianca Gajardoni Bearare, 18 anos.

 

Para estar entre os 50 finalistas do Global Student Prize, Bianca competiu com 4 mil inscritos de 122 países. Ela e outro brasileiro, Henrique Peixoto Godoi, de Goiânia (GO), foram selecionados para representar o país, mas todo o processo é individual e independente de região.

A jovem conta que o processo seletivo exige muita dedicação. Ela escreveu mais de cinco redações sobre a trajetória acadêmica e todos os projetos. Além de um portfólio com vídeos e fotos, Bianca também realizou uma entrevista. Tudo isso em inglês. 

A notícia de que estava no top 50 veio por ligação. Quando o pessoal da Varkey Foundation entrou em contato com ela, a reação foi de muito choro. “Liguei para a minha mãe, desesperada. Foi muita emoção”.

 

A jovem de Birigui, São Paulo, é ex-competidora da robótica, dá aulas de inglês para crianças
e tem uma ONG educacional que atua diretamente com 7 mil alunos
 

 

Caminhada na robótica  

A paulista estudou em escola pública até o 6º ano do ensino fundamental, quando conseguiu uma bolsa e ingressou no Serviço Social da Indústria (SESI) de Birigui. Dois anos depois, quando já estava no 8º ano, Bianca entrou para a equipe de robótica Big Bang, da modalidade FIRST LEGO League Challenge (FLL).

Dois anos depois, quando já estava no 8º ano, Bianca entrou para a equipe de robótica
Big Bang, da modalidade FIRST LEGO League Challenge (FLL)
 

 

Eu fiquei na robótica até o meu terceiro ano do ensino médio. Depois que eu parei de competir, atuei como mentora, e fui todas as funções possíveis. Esse ano quero me candidatar como juíza”, destaca.

A jovem conta que tudo em sua vida aconteceu por causa da robótica, que desafia os estudantes a todo momento. Foi por meio dela que Bianca aprendeu a desenvolver projetos científicos, pensamento criativo, habilidades de comunicação, além de construir robôs. 

Eu fui para o Uruguai participar de uma competição internacional de robótica e ganhamos, inclusive, o primeiro lugar. Depois participamos de outros torneios na Grécia e em Nova York, mas foram online, por conta da pandemia”, lembra. 

Vivenciar esse mundo da robótica fez Bianca pensar que queria compartilhar isso com outras pessoas e foi graças à robótica que ela fundou o Tocando em Frente.   

 

Um pouquinho do Tocando em Frente  

O seu sonho nasceu em parceria com uma amiga. Duas meninas apaixonadas pela educação decidiram criar um projeto para levar novas oportunidades para crianças de escolas públicas. 

Funciona da seguinte forma: os voluntários passam seis meses dentro de uma escola pública ensinando módulos como inglês e intercâmbio, arte e jornalismo, programação e robótica, entre outras temáticas. 

Você também pode fazer parte desse time! Basta acessar o site do Tocando em Frente e se inscrever no processo seletivo para ser voluntário. Outra forma de ajudá-los é por meio de doações. O dinheiro arrecadado é revertido para a compra de materiais para os estudantes.

O desejo de Bianca, e de todos os colaboradores do Tocando em Frente, é que o projeto atinja 1 milhão de crianças em cinco anos. 

"O meu maior sonho é conseguir expandir o projeto para mais lugares do mundo. Conseguir levar o meu projeto pra todos os estados brasileiros e também pra outros países, para que realmente muitas crianças sejam impactadas por essas oportunidades. Fazer parte de alguma forma da melhora do mundo”, declara.    

 

Um futuro brilhante    

Além de dar aulas de inglês, Bianca dedica o seu tempo aos estudos para ingressar em faculdades americanas, em especial na Tufts University, Boston (Estados Unidos), que tem o curso de engenharia da educação, o qual ela tanto almeja fazer. 

Eu tenho uma paixão muito grande pela robótica, mas também tenho a minha ONG educacional, que puxa o meu amor pela educação. Esse curso seria perfeito para unir as minhas duas áreas”, diz a paulista. 

Mas, se não der certo, ela já tem uma carta na manga. Na verdade, várias. Isso porque ela pretende cursar engenharia biomédica e educação, dois cursos ao mesmo tempo, em outras universidades como Harvard, Yale, Columbia, entre outras instituições.     

 

Brasil fazendo história   

Não é a primeira vez que um brasileiro fica entre os nomes do Global Student Prize. Em 2021, a jovem Ana Júlia Monteiro de Carvalho, de Alagoas, ficou no top 10 do campeonato.


Em 2021, a jovem Ana Júlia Monteiro de Carvalho, de Alagoas,
ficou no top 10 do campeonato
 


A alagoana concorreu à premiação com dois projetos desenvolvidos por ela: o sustainable aerator, que tem o objetivo de aumentar a qualidade da água dos animais para ampliar a produção leiteira de caprinos e ovinos em regiões de subsistência de países em desenvolvimento. O segundo projeto foi o Ecosuru, uma telha sustentável feita com a casco do sururu, molusco encontrado em abundância na região de Alagoas.
 

Foi Ana que impulsionou Bianca a participar do Global Student Prize deste ano. Ela acreditou no potencial dos projetos da amiga e indicou o campeonato.

 

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